Me vi sem máscara. Meu coração, apenas uma casa cheia de coisas inúteis. Como a casa dos chamados acumuladores, assim minha vida se apresentou. Cheia de pessoas, sentimentos, memórias, resquícios, pedaços, algumas incompletudes, coisas graves. Tenho vivivo esse tempo todo exatamente no meio dessa confusão. Há tempos tento arrumar a bagunça. Nunca consegui. Acumulo e tenho dificuldade de deixar ir. Tenho muitas vírgulas e pouquíssimos pontos finais. Tenho tanto medo de ser abandonada que eu simplesmente acumulo, como um ímã. Faço questão de manter tudo e todos por perto. Deixo ficar até mesmo pessoas e sentimentos que me fazem mal. Fico com eles porque não quero ser deixada. Já perdi tanto nessa vida e continuo com medo de perder. Vivo um descontrole absurdo. Sou emocionalmente descontrolada e isso reflete até no meu medo absurdo de dirigir. Como conduzir um carro se não controlo nem mesmo meus sentimentos que são invisíveis? E sou assim desde criança. Sempre tive alguém cuidando de mim. Até meus 15 anos a figura paterna mais forte era meu irmão. Éramos tão cúmplices. Ele era meu protetor e tinha muito orgulho das minhas conquistas. Quando ele se foi meu mundo se afundou. Dez anos desde a sua morte... Ainda hoje sinto uma saudade imensurável. Sinto que cobro de cada relacionamento a ausência do meu irmão. Cobro todo cuidado, atenção, amor gratuito que só ele podia me dar. Por isso me sinto tão frustrada sempre. Nunca ninguém vai me dar amor assim. Isso já entendi. Me vi como uma mercadoria barata que qualquer um pode ter. Que graça tem? Nenhuma! Não sou um pedaço de carne, me fiz pedaço pra ser aceita. E o que importa é isso. Tenho consciência que sou mais, sou única e por isso preciso preservar o meu melhor e me valorizar. Tudo vai acontecer naturalmente e no seu devido tempo. Estou em paz. Calma e tranquilidade é o que espero manter.
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