segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Aquilo que fica

Já li muitos textos que falam de saudade. Me identifiquei com os mais melancólicos, claro. Nasci fazendo drama. Sou assim desde menina e assim sempre vou ser. Hoje, especialmente hoje, acordei com essa tal saudade cravada no meu peito. Necessito fazer algumas pequenas observações:

 Dizem que saudade não tem cheiro, que não tem cor e que é ruim. Dizem que saudade te deixa triste, abalado, choroso, meio pra baixo. Porém, as pessoas têm essa mania de confundir tristeza com saudade. Talvez, uma boa lembrança possa te deixar um tanto saudoso, nostálgico até... Já a tristeza é diferente.

Saudade é cinza. É justamento em dias nublados que ela insiste em aparecer. Não é preciso lembrar de absolutamente nada. É só olhar o cinza e a saudade gritar aqui dentro. Neste momento, olho pela janela e vejo o céu escuro. São cinco da tarde e tudo lá fora desperta lembranças.

O vento me faz lembrar das tardes frias de novembro, tardes felizes em companhia de pessoas que um dia foram especiais. A sensação de frio, mesmo com esse calor aqui na sala me deixa confusa. Saudade tem cor sim.

Digo mais, saudade tem cheiro. O cheiro de pepino, por exemplo, lembra minha infância. Recordo das manhãs ao lado do meu pai olhando a plantação de pepino. Lembro que ele colhia um bem fresco, cortava, colocava um pouco de sal e me dava como se fosse meu café matinal.

Eu achava tudo muito incrível e amoroso. Recebia o pepino cortado e comia com gosto. Até hoje, quando corto um pepino, volto aos meus 04 incríveis anos! Esta é uma lembrança que tenho saudade. Sim, saudade tem cheiro também.

É, concluo que saudade tem cheiro, tem cor, tem sentimentos. Não é ruim ter saudade. Ruim mesmo é não senti-la. É não se permitir recordar aquele cheiro de um certo perfume, a lembrança de um rosto, um beijo que ficou marcado, um abraço sincero. Triste mesmo é não saber sentir.



Um comentário:

  1. Triste mesmo é não se permitir sentir saudade seja lá do que for...


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